Policiais rodoviários estaduais são alvo de operações suspeitos de cobrar dinheiro de pelo menos 100 motoristas para evitar multas, no Paraná
07/10/2025
(Foto: Reprodução) Policiais rodoviários estaduais do PR são alvo de operação contra corrupção
Policiais rodoviários estaduais do Paraná estão sendo alvo de duas operações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP-PR) na manhã desta terça-feira (7).
A RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, apurou que pelo menos 10 policiais foram afastados da função. Nove são da região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e um de Guaraniaçu, no oeste do estado.
Foi cumprido, também, um mandado de prisão contra um policial que atua no batalhão regional de Guarapuava, e 30 mandados de busca e apreensão em cidades das regiões de Ponta Grossa e de Guarapuava.
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Segundo o Gaeco, os alvos são suspeitos de integrar esquemas de concussão e corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo a investigação, eles exigiam dinheiro de motoristas para não multá-los em rodovias paranaenses. Saiba mais abaixo.
Ainda de acordo com as investigações, a maior parte das vítimas dos policiais eram caminhoneiros.
Os nomes dos suspeitos não foram oficialmente revelados. O g1 tenta identificar as defesas deles.
Em nota, a Polícia Militar do Paraná afirmou que "a corregedoria-geral acompanha todas as diligências de forma presencial, assegurando a transparência e a legalidade dos procedimentos".
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Paulo Roberto Martins/RPC
Os crimes
Os mandados expedidos para esta terça-feira (7) integram a segunda fase da operação "Rota 466" e, também, uma outra operação batizada de "Via Pix".
Segundo o MP-PR, uma das investigações aponta que os policiais exigiam propina de condutores flagrados por infrações de trânsito ou de pessoas que trabalhavam com salvamento de cargas tombadas, configurando possíveis crimes de concussão, corrupção passiva e lavagem de ativos.
Além disso, afirma o órgão, foram descobertas outras pessoas físicas e jurídicas que realizavam a lavagem dos valores de propina por meio de suas contas bancárias, que também foram alvos de busca.
"Um ex-comandante do Posto de Polícia Rodoviária de Guarapuava, que já tinha sido alvo da primeira fase da operação, foi preso preventivamente. Após a deflagração das investigações, descobriu-se que ele praticou inúmeros outros crimes de corrupção, recebendo pelo menos R$ 47 mil de propina, além de ter tentado atrapalhar as investigações, dificultando a colheita de provas".
Neste caso, o 4º Comando Regional da Polícia Militar foi procurado por motoristas profissionais que relataram estarem sendo extorquidos por policiais rodoviários na região de Piraí do Sul.
"A apuração revelou uma estrutura sofisticada de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo os policiais militares, empresas e civis. Durante a fiscalização das rodovias estaduais, em blitz ou em frente aos postos policiais, os investigados exigiam vantagens indevidas de motoristas sob os mais diversos pretextos, muitos deles sem qualquer base legal, e somente liberavam os veículos após o pagamento, que poderia ser em dinheiro ou por meio de transferências bancárias por PIX, geralmente para contas 'laranjas' de empresas e civis", explica o MP-PR.
De acordo com o órgão, também foi possível identificar quase uma centena de motoristas fizeram pagamentos por exigência dos policiais, e parte dessas pessoas já foi ouvida durante a investigação.
"Somente com base nas contas bancárias identificadas até agora, entre dezembro de 2024 e agosto de 2025, os investigados receberam ilegalmente em torno de R$ 140 mil por meio de pagamentos por PIX", finaliza.
Operação Rota 466 teve fase anterior. Relembre:
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Números das operações
Nesta segunda fase da Operação Rota 466, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, três mandados de busca pessoal, um mandado de prisão e arresto de bens e contas bancárias.
As buscas foram cumpridas nas cidades de Guarapuava, Imbituva, Ponta Grossa, Laranjeiras do Sul, Guaraniaçu e Pitanga.
"Nesta etapa, o objetivo dos mandados foi aprofundar as investigações, já que foram encontradas provas de crimes de outros três policiais militares que ainda não tinham sido alvos na primeira etapa, sendo dois deles da Polícia Rodoviária Estadual. Os policiais foram afastados de suas funções operacionais", explica o MP-PR.
Na Operação Via Pix foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em residências e postos policiais nos municípios de Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Telêmaco Borba, Jaguariaíva, Arapoti, Wenceslau Braz e Siqueira Campos.
"As ordens judiciais foram expedidas pela Vara da Auditoria da Justiça Militar Estadual, que também determinou o afastamento das funções operacionais de sete policiais rodoviários estaduais, além do bloqueio de contas bancárias", diz o Ministério Público.
O que disse a Polícia Militar
Veja, na íntegra, a manifestação da PM-PR sobre o caso:
"A Polícia Militar do Paraná informa que, na manhã desta terça-feira (07/10), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), força-tarefa composta pelo Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Civil, deflagrou uma operação nos municípios da região dos Campos Gerais e Centro-Sul do Estado. O trabalho foi conduzido pelos núcleos do GAECO de Ponta Grossa e Guarapuava, com apoio irrestrito da Corregedoria-Geral da Polícia Militar e participação ativa do Comando Regional da PM em Ponta Grossa (CRPM). A ação teve como objetivo o cumprimento de mandados judiciais relacionados a investigações conduzidas pelo Ministério Público do Paraná. Até o momento, dez militares estaduais foram afastados de suas funções e um mandado de prisão foi cumprido. A Corregedoria-Geral da PMPR acompanha todas as diligências de forma presencial, assegurando a transparência e a legalidade dos procedimentos. Outras informações serão divulgadas exclusivamente pelo Ministério Público do Estado do Paraná, responsável pela investigação."
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