Oposição festeja indicação de Rubio, mas Lula confia no contato direto com Trump para destravar negociações
07/10/2025
(Foto: Reprodução) A oposição festejou a designação de Marco Rubio para ser o negociador com o Brasil. O nome não era o preferido pelo governo. O presidente Lula confia, porém, no contato direto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para destravar as negociações e evitar qualquer novo obstáculo pela frente.
Lula fez questão de lembrar, ao longo dessa segunda-feira (6), que ele e Trump trocaram números de telefone para conversarem “sem intermediários”.
O próprio Trump destacou isso também na conversa dos dois.
“Acreditamos que o Marco Rubio não irá criar problemas, mas, se criar, Lula agora tem um canal direto com Trump para solucionar isso”, disse um assessor direto do brasileiro.
Marco Rubio: quem é o secretário de Trump que negociará tarifaço com o Brasil
O governo comemorou, sem celebrar, a conversa desta segunda-feira entre Lula e Trump. O único ponto fora da curva foi mesmo a decisão de Trump de indicar o secretário de Estado, Marco Rubio, para negociar com Geraldo Alckmin, Mauro Vieira e Fernando Haddad.
O mais ideológico dos assessores de Trump, Rubio foi o maior defensor das sanções tarifárias e da lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, além de ter liderado a revogação de vistos contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, familiares e assessores da época do Mais Médicos, quando o programa tinha participação de Cuba.
A oposição comemorou o fato de Rubio, e não o secretário do Tesouro, Scott Bessent, ter sido o escolhido para fazer as negociações com o Brasil.
Os bolsonaristas apostam que o secretário de Estado, com quem o deputado Eduardo Bolsonaro tem bom relacionamento, não irá dar vida fácil ao governo Lula nas negociações e pode seguir com as sanções contra ministros do STF.
Marco Rubio e Donald Trump
EPA via BBC
A expectativa no Palácio do Planalto é outra. Assessores de Lula lembram que Trump publicou na sua rede social que “gostou” da conversa com o brasileiro, e o chamou de um bom homem.
Depois, em entrevista na Casa Branca, voltou a elogiar Lula e disse que os dois vão se encontrar em breve, nos Estados Unidos e no Brasil.
Isso, na visão da equipe de Lula, também cria a possibilidade de o presidente brasileiro reclamar de qualquer entrave diretamente com Donald Trump.
A partir de agora, acredita o governo brasileiro, as negociações vão retomar o seu curso normal. Mas é preciso muita calma nesta hora, dizem assessores. Foi um passo importante, mas ainda é preciso saber o que Donald Trump quer em troca para eliminar o tarifaço de 40% sobre as exportações brasileiras.
A equipe de Lula espera que o presidente dos Estados Unidos venha a tratar de questões sobre as quais ele sempre manifestou preocupação.
Uma delas são as conversas entre países do Brics de deixar o dólar de lado nas negociações entre membros do grupo e adotar uma moeda comum. Trump não quer isso de jeito nenhum.
Outro ponto que o Brasil já se prepara para tratar na mesa de negociação é a posição do americano de defender as big techs e ser contrário a qualquer tipo de regulação.
O Brasil, por sinal, já tem mantido negociações com essas empresas. Por fim, ele deseja ter acesso às reservas de terras raras do Brasil. Lula topa, desde que esses minerais sejam processados aqui e não vendidos de forma bruta. São pontos que o Brasil aceita negociar. Só não concorda em colocar em negociação soberania e democracia.