Mural criado por mestres ribeirinhos ocupa o centro da capital com a beleza da paisagem amazônica
05/02/2025
Vinte mestres abridores de letras criaram a obra coletiva para homenagear a capital em seus 409 anos. Abridores de letras criam mural para celebrar Belém
ILQF
Belém acaba de ganhar um presente em forma de arte: um grande mural 25 metros de pinturas criadas por mestres abridores de letras. O painel coletivo com as caligrafias amazônicas exibe as cores e paisagens ribeirinhas que compõem a extensa Belém insular, composta por mais de 40 ilhas. O paredão está localizado na Avenida Assis de Vasconcelos, conecta a Belém urbana à sua ancestralidade imersa nos rios.
O mural “Eu amo a energia de Belém” celebra a autenticidade da capital, seu povo caloroso e sua paisagem que mistura floresta e metrópole. A obra foi criada por vinte mestres abridores de letras, vindos de diversas regiões do Pará, que desenvolveram as pinturas ao longo de três semanas.
“A gente deixar nossa arte em Belém é o reconhecimento do nosso trabalho, de nós artistas que vivíamos no anonimato. Foi uma experiência ímpar. E graças ao Instituto, que resgatou nossa cultura, nos deu uma nova identidade, hoje nosso trabalho está nesse mural. E creio que é o começo de muitas oportunidades que virão”, celebra Idaías Dias de Freitas, abridor de letras vindo de Boa Vista.
O projeto marca a conclusão do primeiro ciclo de atividades do Instituto Letras que Flutuam em parceria com a Equatorial Pará, que fez o convite para a intervenção urbana.
“No momento atual, quando a atenção global mira a Amazônia, esta ação fortalece a presença dos abridores de letras neste contexto que ainda invisibiliza os detentores deste saber, que são os mestres ribeirinhos. Então é muito importante ter a oportunidade de homenagear essa cidade tão especial, com uma energia tão forte, com uma personalidade tão forte, e poder estar presente nas ruas com essa manifestação que não só homenageia Belém neste momento de seu aniversário, como também nesse contexto da COP”, diz Fernanda Martins, idealizadora e diretora do Instituto.
Abridores de letras criam mural para celebrar Belém
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Michelle Miranda, analista de Responsabilidade Social da Equatorial Pará, destaca que o mural é um presente da distribuidora de energia para Belém, que reforça ainda mais o compromisso da empresa em apoiar a arte da região e também melhorar o visual urbano da cidade.
“Temos muito orgulho em incentivar um projeto como o Letras que Flutuam, que realiza um trabalho incrível em parceria com os abridores de letras. Nesse mural, as pessoas vão encontrar as cores e as características dessa arte amazônica que passa de geração em geração. É um espaço instagramável que valoriza o que temos de melhor: a nossa cultura”, destaca.
Letras que flutuam
Criado em agosto de 2024, o Instituto Letras que Flutuam é o primeiro do Brasil voltado à cultura ribeirinha amazônica. O ILQF é resultado de 15 anos de pesquisa, documentação, divulgação e geração de renda, junto aos abridores de letras no Pará, criadores das belas e singulares caligrafias coloridas que marcam as embarcações que navegam pela Amazônia.
Fernanda Martins destaca que a cultura visual, e dentro dela a representação gráfica, tem tanta importância para a Amazônia quanto a música, a dança, a comida, pois reflete saberes que são exclusivamente locais. “É a linguagem comum aos ribeirinhos, comunidades amazônicas que traduzem nos seus modos de fazer a verdade do povo amazônico”, diz Martins, pesquisadora nas áreas de Tipografia e História do Design, em especial na Amazônia, com formação acadêmica na Universidade do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Pará, Universidade de São Paulo e Escola de Design de Basel, na Suíça.
O Instituto pretende ampliar o mapeamento de mestres abridores de letras da Amazônia, para criar oportunidades de geração de renda para estes artistas, e desenvolver ações que colaborem para o melhor entendimento, legalização e inclusão do saber dos artistas amazônidas no mercado.
Além da produção de documentários sobre o tema, o Instituto promove oficinas, palestras, debates e realizou dois encontros de abridores de letras do Pará, em 2024 - um feito inédito, porque aproxima de forma presencial mestres ribeirinhos que nunca haviam se visto e passam a criar conexões e parcerias de trabalho.
Serviço:
Visitação do mural “Eu amo a energia de Belém”, subestação Reduto da Equatorial, localizada na Avenida Assis de Vasconcelos, no bairro da Campina.
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